Escândalo que derrubou chefe da PCDF envolve traição e cenas de perseguição

Depois de pedir exoneração no início da semana, o ex-diretor da Polícia Civil Robson Cândido enfrenta acusações de violência de duas mulheres ligadas a ele. Entre os crimes, está o de perseguição. O policial até agora não se pronunciou

Foto: Marcio Ferreira

Quando pediu exoneração do cargo de delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Robson Cândido anunciou que se tratava de uma motivação pessoal. O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou à coluna Eixo Capital que eram “coisas de família”. Logo, todo o mundo político começou a se perguntar: o que levaria um delegado que estava havia quatro anos e nove meses no cargo, com apoio da chefia e dos sindicatos, a escrever uma carta de renúncia ao comando da instituição.

O Correio e a TV Brasília acompanham os desdobramentos do caso desde segunda-feira. Por trás da exoneração de Robson Cândido está uma crise que envolve a estrutura da Polícia Civil, relacionamentos pessoais e traições. O delegado teria deixado a função para evitar um escândalo maior, depois que a esposa se uniu a uma namorada para registrar ocorrência contra ele na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam).

O caso foi parar na Corregedoria da Polícia Civil, onde o ex-delegado-geral terá condições de se defender e se explicar. Os detalhes são mantidos sob sigilo. Mas, o caso envolveria uma reclamação de crime de stalking, previsto na Lei 14.132/2021.

Stalking ocorre quando alguém persegue uma pessoa, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.

A história começa ainda na direção da Polícia Civil, onde uma jovem da área de tecnologia teria se envolvido com o delegado-geral. Por suposta indicação dele, a jovem conseguiu um emprego com função comissionada no Metrô-DF, com salário bruto de R$ 13,2 mil.

Redes sociais
Mas o relacionamento desandou, ela quis colocar um fim e ele não aceitou. A mulher, então, passou a evitar o delegado-geral, o bloqueou nas redes sociais e no telefone celular. Ele, então, passou a segui-la usando uma viatura descaracterizada da Polícia Civil. A jovem fez vários vídeos aos quais o Correio e a TV Brasília tiveram acesso.

A confusão maior ocorreu no último fim de semana, quando supostamente a esposa de Robson Cândido soube da perseguição e decidiu se unir à namorada do marido para denunciá-lo às autoridades. Elas foram incentivadas por adversários de Robson na Polícia Civil.

Desde que pediu exoneração, Robson Cândido tem evitado contatos públicos. Apagou o perfil no Instagram e aguarda o momento de se defender. Na Polícia Civil, no entanto, manteve o poder. O novo delegado-geral, José Werick, é amigo dele e até a exoneração, na segunda-feira, era o chefe de gabinete.

A reportagem procurou a namorada do delegado, mas ela preferiu não conceder entrevista.

Correio Braziliense

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