Ana Priscila de Azevedo, considerada como uma das líderes dos atos golpistas, afirmou que acreditava que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era um infiltrado da esquerda, após descobrir que Bolsonaro, anos atrás, ter feito elogios ao falar do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez. Ela presta depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), nesta quinta-feira (28/9).
Logo após os distritais terem passado um vídeo dela, de 2019, ‘rasgando’ críticas a Bolsonaro, o chamando de “miliciano, ‘bozo cheio’ e vagabundo” por descobrir que o ex-presidente defendeu Chávez, em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 1999, Ana Priscila disse que acreditava que Bolsonaro era um infiltrado da esquerda.
“O vídeo é de 2019, e está sendo veiculado como se fosse atual. Veiculou uma matéria onde o Bolsonaro tinha dito que ele não é anticomunismo e que Hugo Chávez era uma esperança para a América Latina. Eu pensei que ele (Bolsonaro) seria um infiltrado e estaria utilizando as Forças Armadas, o Exército Brasileiro, sendo infiltrado. Os bolsonaristas que estou me referindo nessa fala não é a população, o povo, o conservador de direita”, disse.
“No entanto, os anos se passaram, e entendi que aquela fala do Bolsonaro era coisa do passado, e que ele estava mesmo alinhado com o conservadorismo. Passei, inclusive, a amá-lo e respeitá-lo como chefe de Estado e presidente da República”, completou.
Na ocasião, em entrevista ao Estado de S. Paulo, Bolsonaro, que era deputado federal, disse que Chávez era esperança para a América Latina. Em setembro de 2019, em conversa com o Correio, Bolsonaro pontuou que na ocasião, o ex-presidente da Venezuela criticava Cuba e elogiava os Estados Unidos.
“Falava muita coisa que todo mundo queria ouvir, achava que estava no caminho certo. Depois, ele resolveu, pela facilidade, pela riqueza de petróleo e preço do barril, adotar uma enorme política social, acostumando o povo a viver às custas do Estado. Depois, o petróleo despencou a US$ 30, e o caos se instalou no país”, explicou, ao Correio, em viagem à Nova York, nos Estados Unidos (EUA).
Patriota
Ana Priscila de Azevedo foi presa pela Polícia Federal em 10 de janeiro, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, e se encontra detida na Penitenciária do DF, conhecida como Colmeia. Aos distritais, afirmou que não iria desistir do país, e se juntou aos manifestantes porque pensavam igual a ela. “Sou brasileira, sou patriota e jamais desprezei a democracia. Sou patriota, mas não sou golpista. Sou patriota, como deve ser todos os deputados. Sou patriota como devia ser todos os ministros do STF”, disse.
“Em momento algum pensei que ser patriota pudesse ser sinônimo de golpista, e passasse a ser considerado um tipo penal. Pensava eu que a democracia me permitisse o direito ao livre pensamento, onde eu pudesse ir aonde e me encontrasse com quer que fosse”, disse.
Ela também era administradora de um grupo no Telegram, chamado de “A queda da Babilônia”, que contava com cerca de mais de 35 mil membros. Mesmo após os ataques, Ana Priscila seguiu com postagens em grupos de telegram. “Os caras armaram e colocaram tudo para cima de mim. Assassinaram minha reputação e não minha consciência”, escreveu, na época.
Correio Braziliense