Um homem, de 39 anos, sobreviveu 50 dias em uma área de mata se alimentando apenas de vegetais e um tipo de mel, no município de Independência, a cerca de 310 km de Fortaleza (CE). José Cristóvão Rodrigues da Costa foi encontrado nessa segunda-feira (24/7), após quase dois meses desaparecido.
O agricultor desapareceu em 5 de junho. De acordo com familiares, ele viajava de ônibus da cidade de Leme (SP) para Pedra Branca (CE), onde mora a família dele. No entanto, durante o percurso, José Cristóvão sinalizou que não estava bem mentalmente.
Ele abandonou o ônibus, quando o veículo parou na localidade de Cruzeta, em Pedra Branca. O homem, inclusive, abandonou a bagagem no veículo.
Mania de perseguição
Uma irmã do homem conta que ele apresentava indicativos de problemas mentais. “Os primeiros sinais que ele passou, que a gente viu que ele tava com problema, foi na viagem, na Bahia. Ele começou a apresentar sinais, que tinha um pessoal no ônibus que queria matar ele, mania de perseguição. A todo momento, ele falava que o pessoal ia matar ele”, disse Antoniclé Rodrigues ao portal G1.
A família tentou acalmar José por telefone e chegou a contatar o motorista do ônibus, pedindo que redobrasse o cuidado com o homem. O agricultor continuou a afirmar que estava sendo perseguido, mas seguiu viagem.
A família conta ainda que, em razão da preocupação dele, tentou se adiantar e interceptá-lo na localidade de Cruzeta, mas, ao chegarem no local, ele já havia desaparecido.
“A gente ficou desde essa segunda-feira [5 de junho] na Cruzeta procurando, familiares, amigos, a polícia, o Corpo de Bombeiros, os guardas [municipais], o canil, helicópteros, tudo veio, mas, infelizmente, não tivemos êxito na procura. A gente não conseguiu nem um rastro, nem uma pista de onde ele poderia estar, porque é muito mato”, contou Antoniclé.
Sobrevivência
José Cristóvão foi encontrado no sítio Jardim, distante mais de 30 km do local onde desapareceu. Durante todo o período, o homem permaneceu escondido em um matagal na região, que tem várias propriedades rurais.
A família acredita que a sobrevivência de José se deve às suas habilidades com agricultura. Há 15 anos, ele trabalha como cortador de cana em Leme.
“Eu acho que foi isso, o físico dele, ser um trabalhador rural, um cortador de cana, que fez ele aguentar esses 50 dias no mato sem procurar ajuda”, acredita a irmã do agricultor. José relatou à família, após ser encontrado, que, nesse período, não chegou perto das estradas, e não pediu ajuda a ninguém, “porque sempre tinha uns caras querendo me matar”.
No período desaparecido, José teria se alimentado apenas de maracujá do mato, jerimum e de enxu de abelha, um tipo de mel encontrado nas colmeias de abelhas selvagens.
Ajuda
Após semanas de alimentação precária, José resolveu pedir ajuda. Ele passou cerca de uma semana observando um agricultor que trabalhava numa roça da região. Somente após sentir confiança no homem, José o abordou pedindo comida e que ele entrasse em contato com as irmãs.
O trabalhador chegou às irmãs de José Cristóvão pelo Facebook. Junto com a mensagem, o homem enviou uma foto do RG do desaparecido. No mesmo dia, a família chegou à propriedade rural para reencontrar o irmão. Mesmo assim, o homem permanecia assustado, e não quis se aproximar.
Após o resgate, ele foi levado para o hospital municipal de Pedra Branca, onde está internado e medicado. Ainda segundo a família, a ideia é que José fique morando com a mãe deles, após passar por atendimento psiquiátrico e receber diagnóstico preciso da sua situação.
Metrópoles