“Café”, “moeda” e “bola”: em áudios, acusada entrega esquema em aeroporto

Áudios enviados por suspeita de integrar quadrilha revelam bastidores de esquema de tráfico de drogas no Aeroporto de Guarulhos

Foto: O Globo

Carolina Pennacchioti, de 35 anos, uma das acusadas de participar da quadrilha de tráfico internacional de cocaína que atuava no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, relatou em áudios o funcionamento do suposto esquema de troca de etiquetas em bagagens.

No material divulgado pelo programa Fantástico, da TV Globo, a prestadora de serviços contratada pela empresa WFS Orbital usava códigos em conversas sobre o suposto esquema. Em um dos áudios, a mulher teria conversado com a mãe, citando Tamiris Zacharias, funcionária da Gol Linhas Aéreas, de 31 anos, também acusada de integrar a quadrilha.

“Eu tô aqui fora, esperando a Tamiris mandar a ‘bola’. Eu tô com fome, mãe. Eu vou demorar mais uns 40 minutos, uma hora, no máximo”, diz Carolina.

Segundo a Polícia Federal (PF), “mandar a bola” significa despachar a cocaína na mala.

Outro áudio revela como seria o recebimento pelo serviço realizado. “Eu tenho que pegar ‘500 conto meu’ e ‘500 da Tamiris’, de um ‘café’ que a gente ganhou. Tenho que ir atrás da minha moeda, mãe.”

“Café” seria um adiantamento pelo crime cometido, dizem as autoridades. Um vídeo também publicado pela reportagem mostra uma mulher – que seria Carolina – segurando diversas notas de R$ 100.

Malas de cocaína
De acordo com o delegado da PF Felipe Faé Lavareda, a quadrilha é ligada ao PCC e fazia o check-in de malas clandestinas com cocaína. Para que as bagagens não fossem interceptadas, o bando colocava nelas etiquetas retiradas de malas de passageiros comuns.

“O check-in irregular da mala é geralmente em balcão desativado. A gente tinha ali os funcionários do check-in e toda a cadeia de trabalho da parte restrita do aeroporto cooptados. Isso inclui quem dirige os carrinhos com as malas atrás, quem tira as malas das esteiras, quem carrega a mala no avião. Todo mundo”, disse o delegado após a operação.

Segundo Felipe Lavareda, a mala verdadeira, que tinha a etiqueta retirada, muitas vezes chegava ao destino correto, de modo que os passageiros nem percebiam a irregularidade.

“Entra uma mala clandestina, que usa a etiqueta de uma mala correta, só para poder entrar no avião. Então ficava com uma mala a mais. Às vezes, perde a mala verdadeira, mas às vezes vai para o destino normal.”

Brasileiras presas
O esquema ganhou repercussão quando veio à tona, em abril, o caso de duas passageiras de Goiânia (GO) que tiveram as bagagens trocadas por malas com cocaína e foram presas por tráfico internacional de drogas em Frankfurt, na Alemanha, em 5 de março.

As malas de Jeanne Cristina Paolini Pinho e Kátyna Baía foram despachadas no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mas as etiquetas com seus nomes foram colocadas em malas carregadas de drogas dentro do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Cada bagagem tinha cerca de 20 quilos de cocaína. As malas originais das passageiras nunca foram encontradas.

Metrópoles

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