Seguindo sua rotina semanal, a recrutadora Dallliene de Cássia Brito Pereira, de 22 anos, voltou para o apartamento que dividia com uma amiga, na zona sul da capital paulista, por volta das 21h de sexta-feira (30/6). Cerca de nove horas depois, ela foi encontrada morta, nua e com um travesseiro sobre o rosto, deitada em sua cama, no 9º andar de um edifício em Santo Amaro.
As circunstâncias do crime, assim como sua autoria, têm deixado a polícia de São Paulo intrigada até o momento.
O Metrópoles apurou que em virtude da complexidade do caso, investigado como homicídio qualificado por asfixia, Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), cuida pessoalmente da ocorrência.
Instantes antes de o corpo de Dalliene ser encontrado sem vida, vizinhos e uma amiga com a qual residia afirmaram em depoimento terem ouvido sons no apartamento.
Em áudios feitos por um vizinho, e já apreendidos pela polícia, é possível ouvir uma voz feminina dizendo “me solta” e “socorro”, “além do som da cama” rangendo, configurando-se “eventual crime de estupro”, de acordo com registros da Polícia Civil de São Paulo.
O barulho parou por volta das 6h, quando o mesmo vizinho que gravou os pedidos de socorro afirmou ter ouvido “a porta se fechando”, indicando que alguém teria saído do apartamento.
Uma questão, porém, intriga a polícia. Há somente uma chave, que era usada pela vítima e sua amiga. Ela foi encontrada na tranca, na parte de dentro do imóvel, que estava fechado.
Câmeras também não registraram a saída ou chegada de qualquer pessoa suspeita no condomínio.
Apartamento ficava aberto
Em depoimento à polícia, Brunna Ysabelle Gondim Faria, de 22 anos, afirmou dividir o apartamento com a amiga de infância desde fevereiro deste ano.
Ambas nasceram em Uberaba (MG) e Dalliene chegou a São Paulo antes, em janeiro de 2022. Ela se mudou para o apartamento na zona sul paulistana nove meses depois.
De acordo com Brunna, ela nunca fez uma cópia da chave do imóvel. Por isso, costumavam deixar a única porta de acesso destrancada. Somente quando uma delas estava no apartamento, essa porta era fechada.
Brunna teria sido a última pessoa a ver a vítima, quando ela retornou para casa na sexta. Antes disso, Dalliene havia saído com uma colega de trabalho para um happy hour.
Arrombamento
A vítima enviou duas mensagens para a amiga, com figurinhas de WhatsApp, às 2h09 e 3h09 de sábado (1/7). Quando Brunna voltava para casa, por volta das 5h em um carro de aplicativo, mandou um vídeo para a amiga, que não respondeu.
Chegando em frente ao apartamento, ela constatou que a porta estava trancada. Brunna afirmou à polícia que “ouviu barulho da cama mexendo e um som semelhante a uma voz ou grito abafado”.
Ela tocou a campainha insistentemente, mandou mensagens para a amiga, mas não recebeu retorno. “Mesmo enquanto batia na porta, o barulho da cama continuava.”
Por fim, ela chamou a Polícia Militar e pediu apoio ao zelador do condomínio. Com a chegada dos policiais, o apartamento foi arrombado.
Dalliene já estava morta, com um travesseiro sobre o rosto, e com hematomas em ambos os punhos. Em seu quarto foram apreendidos dois celulares, um dela e outro pertencente à amiga, e drogas.
O apartamento foi periciado para que eventuais rastros deixados pelo assassino sejam encontrados.
Metrópoles