A presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de ministros do governo na feira nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) causou descontentamento na bancada ruralista da Câmara dos Deputados. A controvérsia ocorre no momento em que a equipe de Luiz Inácio Lula da Silva busca melhorar a relação com os ruralistas. Na próxima semana, Alckmin vai participar de um almoço promovido pelo grupo em Brasília, como uma tentativa de aproximação.
No entanto, o vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio na Câmara, deputado Evair de Melo (PP-ES), avalia romper as relações com o governo. Ele afirma que a presença de Alckmin no evento do MST reforça o envolvimento do governo com as invasões de terras ocorridas no país, durante o chamado “Abril Vermelho”.
Alckmin e outros membros do primeiro escalão do governo foram destaque no evento do MST, onde também estiveram presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). O governo busca aproximação com a bancada, em meio à instalação de uma CPI para investigar o grupo de extrema esquerda.
A bancada do agronegócio tem acumulado desentendimentos com o governo. O grupo discorda das invasões promovidas pelo MST, das críticas à Agrishow e dos discursos de Lula. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da Frente da Agropecuária na Câmara, afirma que o governo precisa se definir quanto às suas relações com o setor.
Ruralistas também se incomodaram com a presença de João Pedro Stédile, coordenador do MST, na comitiva de Lula na China. Ainda mostraram incômodo com a participação do movimento de extrema esquerda no “Conselhão”.
Para atenuar a crise, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, prometeu um aporte de R$ 200 milhões do Orçamento da União para o Plano Safra, principal linha de financiamento do setor agropecuário.
Revista Oeste