O Dia dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta-feira (19/4), é uma data para lembrar a importância da preservação da memória e da cultura dessa população ancestral. Segundo Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 1.652.876 indígenas.
Os povos indígenas são considerados uma parte fundamental da construção da identidade do Brasil. Com uma rica diversidade cultural, linguística e ancestral, eles ocupam um lugar especial na formação do país.
O Dia dos Povos Indígenas é uma oportunidade de celebrar a riqueza cultural dos povos indígenas, e também para refletir sobre os desafios enfrentados por essas comunidades. Questões como a luta pela demarcação de terras, a preservação ambiental, a garantia dos direitos territoriais e a valorização de suas línguas e culturas são pautas urgentes dessa população tradicional.
Tradicionalmente conhecido como Dia do Índio, a então deputada federal e agora presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana (Rede-RR) apresentou um projeto de lei que alterou o nome da comemoração para demonstrar a diversidade cultural dessa comunidade.
“Altera essa terminologia de índios para povos indígenas, resgatando a nossa dignidade, a nossa identidade, reconhecendo a diversidade dos povos que existe no Brasil, mais de 305 povos diferente cultura, 274 línguas faladas, essa diversidade cultural que não é um povo apenas, são vários povos”, afirmou Joenia Wapichana ao Metrópoles.
A lei 14.402 de 2022 foi promulgada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), bastante criticado pelo descaso com as comunidades indígenas durante a sua gestão.
“A nossa Funai, justamente ela, vem somar e resistência dos povos indígena para avançar nos processos de reconhecimento direito. Funai que teve muito tempo paralisada, sem investimento desmontada sucateada que tinha um papel inverso do que a lei determina que se faça”, acrescentou a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas.
No dia para celebrar a riqueza cultural dos povos indígenas brasileiros, Mayalú Txucarramãe, neta do líder indígena Raoni Metuktire, afirmou ao Metrópoles que a sua ancestralidade está presente na floresta e que todo o ensinamento de seus ancestrais foram fundamentais para a construção do ser humano que ela é hoje.
“Falar sobre as minhas origens, os meus ancestrais é falar dos meus avós. Hoje a minha visão, o que eu sou, o que eu penso e como eu vejo os meus próximos, meus irmãos, outros parentes indígenas, é uma sabedoria que os meus avós me passaram”, disse Mayalú.
“A minha ancestralidade é a floresta, é o rio, é o ar que eu respiro, porque o meu avô antes de passar desta vida para outra me falou isso. Ele disse que ele iria retornar para a terra, que ele viraria floresta, viraria água e oxigênio, e foi assim que ele se despediu de mim”, completou Mayalú Txucarramãe.
Presença do governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se elegeu com a promessa de garantir os direitos dos povos indígenas e a demarcação de terras. Nos seus primeiros dias de mandato, o petista criou o Ministério dos Povos Indígenas e convidou a deputada federal Sonia Guajajara (PSol) para comandar a pasta que tem como objetivo garantir a visibilidade das comunidades tradicionais e também a sua segurança.
Lula chegou ao poder com a promessa de retirada de invasores nas terras indígenas, principal causa do desmatamento e garimpo ilgeal dentro dos territórios. Em seus primeiros dias de mandato, o petista se deparou com a crise humanitária do povo Yanomami, causada principalmente pelo descaso de gestões anteriores e a extração de minerais da região.
Para tentar auxiliar as comunidades atingidas pelo garimpo ilegal e a contaminação do solo e da água por mercúrio, a Funai e o Ministéerio da Saúde atuam na região para levar suprimento e tratamento para as aldeias mais atingidas.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também atua na terra indígena Yanomami para retirada dos invasores ilegais. Até abril, foram desmontados mais de 190 acampamentos instalados por garimpeiros que atuam ilegalmente no interior do território.
Além disso, o Ministério dos Povos Indígenas também tem atuado para conter as disputas por terras no Mato Grosso do Sul e no extremo sul da Bahia, onde há disputas entre as comunidades tradicionais e fazendeiros da região.
A ministra dos Povos Indígenas instituiu a criação de um gabinete de crise para acompanhar a situação de conflitos por terras no sul da Bahia. A decisão de Guajajara aconteceu após dois jovens serem assassinados na BR-101, no trecho da cidade de Itabela.
Metrópoles