A China estendeu o tapete vermelho para Lula. O Brasil voltou

A visita foi um sucesso

Foto: Ricardo Stuckert

“Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”, disse Lula a poucas horas do fim de sua visita àquele país. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, a milhares de quilômetros de distância dos Estados Unidos, o segundo.

“É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”, disse Lula, acrescentando: “É preciso que a União Europeia comece a falar em paz para a gente convencer Putin e Zelensky” que a guerra só interessa a eles.

Putin é Vladimir, presidente da Rússia. Zelensky é Volodymyr, presidente da Ucrânia. O acréscimo feito por Lula não mereceu tanto destaque no noticiário quanto a frase inicial: “É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra”.

Mas, tudo bem. Deixa pra lá. Até Donald Trump, que não tem nenhuma afinidade com Lula, e toda afinidade com Bolsonaro, já disse que seu país estimula a guerra na Ucrânia; e Trump não é chinês, nem comunista, nem mesmo suspeito de ser.

Lula também não é comunista, nunca foi. Não importa, porém: seus adversários o acusam de ser – os bolsonaristas porque acreditam nisso, outros porque não gostam dele por mil razões. Em 2002, Bolsonaro votou em Lula para presidente.

O comunicado conjunto assinado por Lula e o presidente chinês Xi Jinping faz uma defesa generalista da paz na Ucrânia, poupa a Rússia de críticas e reafirma que a China é uma só, e não duas – a outra, Taiwan, uma ilha e espécie de protetorado americano.

Olhe aí outra prova de que Lula é vermelho! A Organização das Nações Unidas reconhece que China só existe uma. Em 1974, em plena ditadura militar, ao restabelecer relações diplomáticas com a China, o Brasil concordou com a premissa de uma só China.

“Penso que a compreensão que o meu governo tem da China é de que precisamos trabalhar juntos para que a relação Brasil-China não seja meramente de interesse comercial. Queremos que a relação transcenda a relação comercial”, afirmou Lula.

O governo chinês estendeu o tapete vermelho para Lula. Recebeu-o com pompa. A conversa privada de Lula com Jinping durou duas horas, muito além do previsto. Por mais duas horas, durante o banquete oferecido por Jinping, os dois conversaram.

Negócios são negócios, e foi atrás deles que, recentemente, o presidente da França visitou a China, empresários americanos têm negócios com a China, e Lula quer ampliar os negócios de mão dupla entre a China e o Brasil. Sem desprezo aos Estados Unidos.

Os Estados Unidos não parecem interessados em incrementar suas relações com a América Latina, onde cresce a influência da China, nem com a África, onde a influência da China é cada vez maior. Os Estados Unidos tratam a América Latina como quintal deles.

Em seus quatro anos de governo, Trump não pôs os pés na América Latina. Joe Biden, até aqui, também não. Como vice do presidente Barack Obama, Biden veio ao Brasil acalmar a presidente Dilma Rousseff que fora espionada por seu país.

O Brasil está de volta ao mundo depois de quatro anos de isolamento. Vida que segue.

Metrópoles

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