Presidente do Banco Central diz que pressão inflacionária persiste

Apesar da desaceleração registrada em março, há 'demanda relativamente forte'

Foto: José Dias

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 12, que, apesar de a inflação no Brasil ter desacelerado em março para 0,71% (ante 0,84% em fevereiro), as pressões para a alta dos preços ainda permanecem, em razão de uma demanda relativamente forte.

A afirmação foi feita durante uma reunião fechada com investidores, organizada pela XP em Washington, cuja apresentação foi divulgada pelo Banco Central nesta quarta-feira. “A inflação caiu, mas as pressões permanecem. O componente de demanda da inflação no Brasil é relativamente forte”, informou Campos Neto, na reunião, conforme a apresentação.

Ele também explicou que, entre agosto e novembro, houve uma desaceleração das pressões para a inflação de longo prazo e expectativa de queda de juros, mas, a partir de novembro, esse cenário se deteriorou, possivelmente em razão da nova política que seria adotada pelo então presidente eleito Lula, de pôr fim ao limite de gastos públicos.

“Expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro iniciou um processo de deterioração”, acrescentou o presidente do BC, na apresentação aos investidores. Segundo o presidente do BC, desde fevereiro o mercado voltou a projetar a redução da Selic.

O último Boletim Focus, que capta as projeções de analistas de mercado, mostra que as expectativas de inflação seguem piorando, inclusive em horizontes mais longos. A estimativa para o IPCA em 2024 passou de 4,02% há um mês para 4,14% nesta semana. Para 2025, o dado passou de 3,8% para 4%.

Para controlar a inflação de demanda, o Comitê de Política Monetária (Copom) mantém a taxa de juros da economia elevada. Atualmente a taxa anual de juros está em 13,75%, o que é motivo de uma campanha contra Campos Neto, encabeçada por Lula e engrossada por aliados petistas e de outros partidos de esquerda.

Revista Oeste

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