Lula chora, chama Bolsonaro de “o coisa” e cita ódio por negação da política

Presidente Lula emocionou-se ao dizer que, em 77 anos, "nunca viu o Brasil tomado pelo ódio que foi tomado"

Foto: Douglas Magno

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) referiu-se nesta quinta-feira (19) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “o coisa” e citou o ódio por negação da política existente no Brasil. As declarações ocorreram durante reunião do chefe do Executivo com o ministro da Educação, Camilo Santana e reitores das universidades e institutos federais no Palácio do Planalto.

“O encontro com reitores hoje é o encontro da civilização. Nunca consegui compreender a dificuldade que um presidente tinha de se encontrar com reitores uma vez por ano. A única explicação é o medo de que fariam reivindicações”, alfinetou.

Com voz embargada, Lula chorou ao dizer que, em 77 anos, “nunca viu o Brasil tomado pelo ódio que foi tomado” agora e voltou a comparar Bolsonaro com o ex-líder americano, Donald Trump.

“Quando comecei a falar com vocês até comecei a gaguejar um pouco porque estava emocionado. Emocionado porque era impensável, eu tenho 77 anos, nunca vi o Brasil tomado pelo ódio que foi tomado. E ele foi tomado pelo ódio porque em algum momento esse país teve muita gente que começou a negar a política. Na hora que você nega a política, acontece o que aconteceu nos EUA com o Trump, acontece o que aconteceu no Brasil com o coisa que eu não quero falar o nome”, disse sendo ovacionado.

Fenômeno mundial
Lula citou também a presença da extrema-direita fanática em todo o mundo, a qual caracterizou como um “monstro” a ser derrotado. “Acontece o que aconteceu na Hungria, acontece o que aconteceu na Itália e acontece no mundo inteiro. O surgimento de uma extrema-direita fanática, raivosa, que odeia tudo aquilo que não combina com o que eles pensam é um novo monstro que temos que enfrentar e derrotar. Não é uma coisa apenas brasileira. É uma coisa do mundo afora.”

Citando a reunião com o primeiro-ministro da Grécia, Lula completou que o lema utilizado pela direita é semelhante ao de outros países, e emendou que não há dimensão do retrocesso ocorrido no país sob comando de Bolsonaro.

“Na Grécia, a extrema direita usa o mesmo jargão: ‘Pátria amada, família e religião’. É um jargão, eu acho que o Brasil não merecia passar por isso. A gente não tem dimensão do retrocesso que ocorreu neste país, em cada escola, em cada local de trabalho, em cada local que as pessoas estavam habituadas a uma certa civilização. As coisas mudaram no Brasil, a ponto de acontecer o que aconteceu no 8 de janeiro”, concluiu.

CB

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