Um mapeamento realizado pela Secretaria de Saúde (SES) de Goiás indica que em 186 municípios goianos (77%) há um risco muito alto de retorno da poliomielite. Em 46 (18%) o risco é alto e nos outros 14 (5) o risco é médio. A doença também é conhecida como paralisia infantil e causa sequelas motoras que não têm cura. Apesar de ter sido erradicada do País na década de 1980, os baixos números de cobertura vacinal têm preocupado os especialistas.
Na Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite de 2022, realizada no dia 7 de agosto com mobilização até 9 de setembro, somente 18 dos 246 municípios goianos atingiram a meta de 100% de cobertura vacinal. Mais de 100 não chegaram a 50% da previsão de imunização. Monte Alegre de Goiás, na região Nordeste, atingiu somente 11,49% da meta prevista.
A única forma de prevenção à poliomielite é a vacinação e o Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de imunizar 95% do público-alvo. Segundo a SES, até 26 de setembro, Goiás registrava apenas 38,11% da população de crianças, entre 1 a 4 anos, protegida contra a doença.
Pensando nisso, o Conselho Municipal de Secretários de Saúde (Cosems) de Goiás realiza, nesta quinta-feira (29), a Oficina Imuniza SUS na cidade de Goiás. A presidente do Conselho, Verônica Savatin, afirmou que “os números são desesperadores”.
Notícias falsas contribuem com o risco alto da volta da poliomielite
A expectativa é que o encontro seja capaz de trazer novas ideias para vencer os obstáculos enfrentados pelos gestores na cobertura vacinal. O principal documento em discussão é a Pesquisa Nacional de Cobertura vacinal, realizada a pedido do Conasems, de maio a dezembro do ano passado.
O estudo analisou a cobertura vacinal no Brasil e levou em consideração 11 tipos de vacinas que compõem o calendário de imunização de crianças com até 15 meses de vida. Assim, investigou as causas da queda da cobertura vacinal e suas determinantes, especialmente as razões de hesitação e desinformação.
O resultado do levantamento mostrou que, a partir da pandemia da Covid-19, a circulação de notícias falsas cresceu mais de 76% no Brasil, na região Centro-Oeste e em Goiás. Consequentemente, houve queda da procura de vacinas básicas em 64% dos municípios brasileiros, 71% deles no Centro-Oeste e 70% em Goiás.
Segundo os pesquisadores, entre os motivos para o atraso ou a recusa em Goiás estão: achar agulhas dolorosas (87,3%), quer escolher o tipo de vacina (80,1%), notícias falsas sobre vacinas ( 75,3%) e falta de confiança da população nas vacinas (66,3%).
Poliomielite
Em nota, a SES informou ao Mais Goiás que vem apoiando e incentivando os municípios na busca da população alvo para a vacinação. Ressaltou, ainda, a Campanha Xô dodói, que está sendo veiculada nas mídias e o envolvimento da Secretaria de Estado da Educação está sendo importante para sensibilização dos pais e das crianças para a vacinação.
“Estão sendo entregues em escolas, mais de 80 mil kits interativos com itens como: quebra-cabeça, certificado de vacinação, máscara e cartela de adesivos”, disse a pasta.
O último caso de poliomielite confirmado em Goiás e no Brasil foi em 1989. De 1990 a 1994 não houve registro de mais nenhum caso no Brasil, e em 1994 o país recebeu o certificado de erradicação da pólio.
Neste ano, Goiás foi notificado a respeito de 10 casos suspeitos de poliomielite, mas todos já foram descartados no sistema oficial do Ministério da Saúde (SINAN).
“Faz parte da rotina de vigilância do agravo notificar e investigar todos os casos de paralisia flácida aguda, em menores de 15 anos de idade, visando identificar precocemente possíveis casos de poliomielite nessa população”, concluiu a SES.
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