O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta terça-feira (6/9), ter convidado para o desfile de 7 de Setembro os oito empresários que foram alvo de uma operação de busca e apreensão em 23 de agosto, após defenderem abertamente um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito em outubro.
Os empresários, integrantes do grupo de WhatsApp Empresários & Política, compartilharam diversas mensagens com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O caso foi revelado pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
“Eu convidei os oito empresários para estarem comigo amanhã, no 7 de Setembro [em Brasília]. Se não for possível, que vão ao Rio de Janeiro. Convidei. São pessoas honradas. Duas têm contato comigo. E outra coisa, ninguém sabe o que está no processo, processo de fake news, atos antidemocráticos. Ninguém sabe”, disse Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan.
Um desses empresários, o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, já confirmou presença no desfile, que ocorrerá na manhã desta quarta, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF).
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal (PF) cumpriu, no fim de agosto, mandados nas residências dos suspeitos, em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Além dos mandados de busca, Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias e das redes sociais dos investigados e pediu a quebra de sigilo financeiro.
Nesta terça, Bolsonaro acusou a ação contra os empresários de “covardia” e relacionou a ação a investigações que atingem seus familiares: “Covardia o que fizeram com os oito empresários, por uma notinha do jornal Metrópoles, com emojis, ali. Pô, se bloqueia a conta, faz busca e apreensão na casa de oito empresários, é quase como fazer uma covardia com os meus familiares no Vale do Ribeira”.
Além de Hang, os demais empresários alvo da operação da PF foram: Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luiz André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.
7 de Setembro
O desfile cívico-militar de 7 de Setembro será retomado em 2022, justamente quando o Brasil celebra o Bicentenário da Independência, após um hiato de dois anos imposto pela pandemia de Covid-19.
As forças de segurança esperam grande público, principalmente formado por simpatizantes do presidente da República e candidato à reeleição.
Na tarde de quarta-feira, Bolsonaro é esperado em Copacabana, no Rio de Janeiro, para manifestações políticas. Enquanto no desfile na capital federal não está previsto discurso do mandatário, no Rio, berço eleitoral do presidente, ele deverá falar com os apoiadores.
Força política
O chefe do Palácio do Planalto tem aproveitado a ocasião para demonstrar força política. Nas últimas semanas, Bolsonaro voltou a convocar apoiadores a participarem dos atos previstos para a data.
Na convenção do PL que confirmou seu nome como candidato à reeleição, no fim de julho, Bolsonaro afirmou que “surdos de capa preta” têm que entender o que é a voz do povo. A declaração faz referência a ministros do Supremo TSE, com quem Bolsonaro tem rivalizado.
Em resposta, a militância organiza caravanas para Brasília no feriado da Independência, no intuito de unir o ato em apoio ao presidente com o tradicional desfile.
Metrópoles