A aliança entre PT e PDT no Ceará é considerada rompida pelos petistas, após escolha do pedetista Roberto Cláudio para a disputa ao governo cearense na última segunda-feira (18/7). O diretório cearense do PT, no dia seguinte (19/7) enviou uma nota classificando a escolha como “um rompimento tácito e unilateral da aliança” e dizendo que “prevaleceu a arrogância, o capricho e a expressão de mando.”
Por sua vez, o PDT declara publicamente que gostaria que a aliança continuasse de pé. Questionado em coletiva de imprensa quarta-feira (20/7) após a convenção nacional que o referendou como candidato ao Planalto, Ciro Gomes (PDT) afirmou que ainda não recebeu oficialmente aviso sobre o rompimento, e que gostaria de manter a aliança.
O candidato também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por tentar “invadir a autonomia do PDT para escolher o candidato”. “O que está acontecendo é o seguinte: o Lula resolveu desconsiderar toda e qualquer ética e escrúpulo para destruir todos os partidos. Ele chamou o Rodrigo Neves, o meu irmão Cid Gomes, o Weverton [Rocha], o Carlos Eduardo do Rio Grande do Norte e tentou operar no Ceará também”, disse Ciro.
Ele defendeu, ainda, que o ex-presidente faz isso com outros partidos. “Tem chocado a absoluta falta de comportamento democrático do Lula ao tentar destruir as organizações partidárias. O que o Lula está fazendo com a Simone Tebet é fascismo. Aliciar uma banda de ladrões do MDB para tirar o direito de uma senadora ser candidata é puro fascismo”, afirmou.
Na segunda-feira (18/7), Lula reuniu-se com caciques do MDB e recebeu apoio de 11 diretórios regionais da legenda. Uma ala emedebista liderada pelo senador Renan Calheiros defende que a candidatura de Tebet seja abandonada em prol de uma aliança com Lula. O presidente nacional do partido, deputado federal Baleia Rossi, bateu o martelo e confirmou que a convenção nacional confirmará o nome da senadora ao Planalto no dia 27 de março. Nos bastidores, porém, há movimentações para adiar a convenção.
Já em relação ao PDT, parte do partido também defende aliança com Lula, e avalia a candidatura de Ciro como não tendo chances de chegar ao segundo turno. Para evitar dissidências, a convenção nacional de ontem (20/7) aprovou uma resolução que proíbe a associação dos candidatos do partido a qualquer presidenciável que não seja Ciro, classificando o ato como uma ofensa grave.
Disputa pelo candidato do PDT
No Ceará, a disputa entre PT e PDT, aliados por 16 anos, se deu pela escolha do nome ao governo estadual. O acordo era que o PDT indicaria a cabeça de chapa, mas havia divergência em relação ao nome a ser indicado. Enquanto uma ala do PDT ligada a Ciro defendia Roberto Cláudio, o PT local apoiava a candidatura da atual governadora do estado, Izolda Cela, e ameaçava romper aliança se o resultado fosse outro.
A situação fez com que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, intervisse na disputa. Ele foi ao Ceará para participar da votação ocorrida na segunda (18/7), que confirmou Roberto Cláudio. Ciro Gomes também estava no estado, mas não participou da reunião. A jornalistas após a convenção nacional, Lupi criticou a atitude do PT cearense de querer escolher quem seria o candidato do PDT.
Após a decisão por Roberto Cláudio, Izolda Cela se manifestou nas redes sociais, ainda na segunda. “Meu partido PDT decidiu hoje, em reunião de diretório, que não terei o direito a concorrer à reeleição. Respeito a decisão. Seguirei firme, com força e coragem, honrando meu mandato e trabalhando muito pelo nosso Ceará”, disse a governadora.
CB