Personalidades do DF são homenageadas com medalha “Brasília 60 anos”

Importantes nomes para a construção da cidade receberam a medalha "Brasília 60 anos", em respeito aos serviços prestados à capital federal. Entre eles, artistas, jornalistas do Correio Braziliense e políticos foram contemplados

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Foto: Ed Alves

Na semana do aniversário da capital federal, 122 personalidades da cidade foram homenageadas com a medalha Brasília 60 anos. A insígnia é concedida pelo Governo do Distrito Federal para reconhecer o mérito de agentes importantes para história e cultura local. Ao todo foram 60 mulheres e 62 homens prestigiados na cerimônia realizada ontem, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Entre os contemplados, jornalistas do Correio Braziliense, artistas, políticos e até ativistas sociais. Uma das mulheres condecoradas foi a diretora de redação do Correio, Ana Dubeux. “Essa medalha é pelo reconhecimento ao jornal que conta a história da cidade desde o início”, resumiu.

Com 44 anos de carreira, os artistas mineiros José das Dores Fernandes, 72, e João Monteiro da Costa Neto, 67, mais conhecidos como Zé Mulato & Cassiano, receberam com orgulho o reconhecimento. Com 12 discos lançados, a homenagem colocou o sorriso no rosto daqueles que ganharam, por quatro vezes, o Prêmio da Música Brasileira, como melhor dupla regional. “Nossa história musical é com Brasília, onde tudo começou, com a nossa primeira apresentação na Rádio Nacional”, relembrou Zé Mulato.

Em 1969, a dupla veio de Passa Bem, Minas Gerais, para tentar a vida artística na então nova capital da República. “O meu primeiro emprego público foi na fundação educacional, em 1971, como pintor de parede, e, depois, fiz o concurso da Câmara dos Deputados, por volta de 2000, quando passei entre os seis primeiros colocados para trabalhar de segurança”, descreveu o músico, citando o modão Sincero Convite como o som afetivo com a cidade. “Nossa Brasília merece/Mas ter uma melodia/Aqui entra todo dia/Gente de todo o lugar”, diz um trecho da letra.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), comentou do amor que os homenageados têm pela capital federal. “Parabéns pelo carinho do que representam a essa cidade e o que fizeram para a construção do Distrito Federal”, elogiou Ibaneis.

Trabalho atuante de incentivo à cultura
Figuras que ajudaram a construir e documentar a cultura local foram lembradas. Entre eles, o diretor de cinema Vladimir Carvalho, 87, que dirigiu mais de 20 filmes. “Tenho tentado traduzir a nacionalidade de Brasília, que ecoa no Brasil a sua problemática social, econômica, que é resolvida aqui”, contextualizou o homenageado.

Um exemplo de serviços prestados à cena cultural da cidade é o repórter e colunista do Correio, Irlam Rocha. “Eu me considero uma pessoa que contribuiu para as pessoas na área da cultura, passando por Renato Russo, Plebe Rude, Hamilton de Holanda e Ellen Oléria, gente de quem tenho orgulho de ter feito as primeiras matérias”, destacou o jornalista.

No quesito entretenimento e vida social da cidade, mais figuras notórias foram agraciadas. O empresário Gilberto Salomão, 91, que dá o nome ao primeiro shopping do DF, soube bem como proporcionar momentos de descontração aos brasilienses nas décadas de 1980 e 1990, quando o centro comercial movimentava as famosas festas em boates, como a Zoom, Hyppos e Tequila Rock. “É uma tradição porque é o primeiro shopping de Brasília, inaugurado em 1967”, relembrou o empresário.

Com medalha no peito, Jane Godoy, colunista social do Correio há 19 anos, destacou o papel da divulgação de notícias e bastidores de personalidades da capital. “Desde o convite, uma coisa que me levou a aceitar escrever a coluna foi apoiar os artistas, a cultura e a arte”, afirmou a comunicadora.

Ações em prol do social e educação
Importantes ações de auxílio social, que se destacaram durante a pandemia, também foram citadas no evento por meio de seus agentes, como o ativista social Rogério Barba, 50, criador do Instituto Barba na Rua, em 2015. O coletivo ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para ele, que esteve por 25 anos em situação de rua, de 1989 a 2014, a medalha reconhece a relevância do trabalho feito com essa parte da população do DF. “É o reconhecimento do Estado para com o instituto, que tem ajudado as pessoas a saírem da rua nessa pandemia e, o principal: discutir a política pública da população de rua”, disse Barba, orgulhoso.

A reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, também compareceu à solenidade e, em sua fala, rememorou o quanto a criatividade da cidade está vinculada à universidade. “Celebrar a existência da moderna capital brasileira é comemorar a criação humana e sua capacidade de inventar a vida em novas formas, com novos conteúdos. É isso também que faz a instituição que tenho a honra de dirigir há cinco anos e meio, esse lugar de encontro de pessoas das mais diversas origens, dos mais diversos matizes e cores, das mais amplas e incríveis capacidades”, disse.

Para ela, as duas, cidade e universidade devem estar sempre em sintonia, já que fazem parte do passado e do futuro de uma construção. “Brasília e sua universidade pública federal precisam estreitar cada vez mais laços, porque são parecidas na vontade do projeto original, são semelhantes no desejo do desenvolvimento pleno e interior do país, são muito próximas no gesto primeiro do arquiteto em criar beleza e espanto na prancheta, traços que se transformam em vida, linhas que viram realidade concreta, decisões que afetam toda a Federação. Nos seus 62 anos, nossos sinceros votos são para que, neste momento difícil e sensível por que passamos, Brasília se junte ao slogan de 60 anos da Universidade de Brasília: ‘Atuante como sempre, necessária como nunca'”, complementou. A UnB receberá uma homenagem no próximo dia 25 deste mês.

Homenagem também no Senado Federal
Ainda pela manhã, no plenário do Senado Federal, ocorreu uma sessão especial requerida pelos senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Leila Barros (PDT-DF) para celebrar os 62 anos de aniversário de Brasília. Parlamentares e convidados também relembraram outros nomes, como Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Bernardo Sayão, Israel Pinheiro, Joaquim Cardozo e Ernesto Silva, além dos candangos, trabalhadores de outras partes do Brasil que contribuíram para a construção da capital. Presente no evento, André Octavio Kubitschek, bisneto do ex-presidente Juscelino Kubitschek, discursou e lembrou que o planejamento pensado por JK era para que o país saísse do subdesenvolvimento com planejamento e pela via democrática.

“Meu bisavô disse certa vez que era necessário a realização de uma nova dinâmica política no país. Brasília seria o pólo irradiador de desenvolvimento do Brasil, o que se tornou possível graças ao famoso Plano de Metas. Estava ancorado no estímulo à indústria nacional, para gerar empregos e riquezas; construção de estradas para o escoamento da produção; hidrelétricas para gerar energia abundante; educação para uma maior instrução, crença nas futuras gerações, e por fim uma produção de alimentos que abasteceria toda população. Um plano cujas bases foram executadas em cinco anos de mandato, num governo democrático, aberto ao diálogo e respeitoso aos três poderes da República”, explicou.

O bisneto de JK também destacou os perigos do regime oposto à democracia, a ditadura. Por meio da lembrança da história do bisavô, ele relatou como foi a agonia da família em ser perseguida pelos militares, principalmente quando, inconformado com o desmonte, JK decidiu ser membro da Frente Ampla, movimento voltado para a redemocratização do país. “Quero ressaltar que muito mais que uma palavra bonita a ser jogada ao vento, democracia é uma ação conjunta, pautada na liberdade política, no respeito às instituições. Quero destacar e reavivar a importância da história nacional e do grande estadista JK, que proporcionou aos brasileiros o orgulho da sua capacidade de realizar. Um Brasil inovador, moderno, democrático e livre”, ressaltou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CB

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