A vice-prefeita de Luziânia (GO), Ana Lúcia de Sousa e Silva (DEM), entrou, na terça-feira (12/4), com uma representação no Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), onde afirma que a logomarca utilizada em documentos oficiais da prefeitura é figura inspirada na suástica nazista.
No documento, a vice mandatária se diz “surpreendida” com despachos enviados pelo Secretário Municipal de Administração, Elias Cavalcante de Rocha Junior.
Em outro trecho, ela diz que a ideologia nazista “vem se impregnando” no governo municipal. De acordo com Ana Lúcia, o teor dos despachos enviados pelo secretário e dos pareceres jurídicos anexados no documento reverberam a “presença de uma concepção filosófica misógina e machista”.
Ela diz que o regime nazista limitava a mulher ao papel de esposa e mãe e pede que a utilização da logomarca seja proibida na administração municipal.
Atividade nazista no Brasil
Em 2019, uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) contabilizou 334 células neonazistas em atividade no país. A antropóloga e professora Adriana Abreu Magalhães Dias mapeou os grupos, que se concentram nas regiões Sul e Sudeste.
A pesquisa mostra que há registros de grupos localizados em cidades como Fortaleza, João Pessoa, Feira de Santana (BA) e Rondonópolis (MT). Porém, o estado com mais células é São Paulo, com 99 grupos, sendo 28 só na capital. Santa Catarina vem logo atrás com 69 células, seguido por Paraná (66) e Rio Grande do Sul (47).
De acordo com Ana Lúcia, os municípios de Luziânia e Pirenópolis, ambos no Entorno do Distrito Federal, abrigam atualmente quatro células de caráter hitlerista/nazista.
O outro lado
A reportagem do Metrópoles entrou em contato com o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto (DEM), com a vice-prefeita do município, Ana Lucia Sousa, e com o secretário de Administração Municipal, Elias Carvalho. A vice-prefeita não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
Em nota, a prefeitura do município ressaltou que “repudia veementemente a tentativa da vice-prefeita de tentar imputar ao Governo Municipal qualquer ligação com o nazismo”. De acordo com o órgão, a figura é “indiscutivelmente” um quebra-cabeça.
Metrópoles