Reajuste nos combustíveis: Corridas por aplicativo ficam mais caras

Uber e 99 Pop já alteraram os valores para compensar os motoristas colaboradores. Trabalhadores da área já demonstram preocupação

Foto: Fernanda Carvalho

A reportagem do Jornal de Brasília apurou durante o final de semana que o preço das viagens pelo aplicativo Uber vai aumentar 6,5% a partir desta segunda-feira (14). O anúncio foi dado pela própria empresa através de um comunicado enviado por e-mail: “Sabemos que a alta repentina do preço do combustível afeta a vida de muitos brasileiros, e para motoristas, esse impacto é ainda mais significativo”, relatou.

Segundo a Uber, a medida, definida como temporária, vai ajudar seus motoristas parceiros “nesse cenário de instabilidade” com o investimento de 100 milhões em iniciativas e promoções focadas em auxiliar o aumento de ganhos e a redução dos custos sentidos pelos colaboradores. Contudo, alguns trabalhadores da área já demonstram preocupação. Fabrício Andrade, que mora em São Sebastião (DF) e usa o aplicativo como fonte de renda, contou que o reajuste foi insuficiente: “Eu ainda acho pouco, porque o nosso lucro é muito pequeno”.

Fabrício ressaltou que já sentiu os impactos financeiros desde o anúncio do novo aumento, dado pela Petrobrás na última quinta-feira (10) e que entrou em vigor na sexta-feira (11). Seu prejuízo foi de 30%, com perda diária de R$100. “Todos os dias eu colocava 150 reais de combustível no meu carro, desses 150, eu conseguia ganhar uns 350 reais. Agora eu percebi que com esses mesmos 350, eu só consigo uns 250 reais”, comentou.

O aplicativo 99 Pop também vai reajustar em 5% o quilômetro rodado, que visa compensar os motoristas atuantes. De acordo com a empresa, a correção ocorrerá nos próximos dias e funcionará da mesma forma para todas as 1.600 cidades brasileiras onde opera. O iFood e o Rappi, que trabalham com o sistema delivery, e o aplicativo de corridas, InDriver ainda não anunciaram mudanças.

O reajuste nos combustíveis ocorreu após quase dois meses de valores congelados nas refinarias do país e o aumento reflete a elevação dos patamares internacionais do preço do petróleo devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. A elevação foi de R$0,61 para as distribuidoras, correspondente a 18,8% do valor total.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina no Distrito Federal está em R$6,731, de acordo com a análise feita em 47 postos, enquanto o preço máximo foi registrado em R$7,059. O óleo diesel custa em média R$5,757, podendo chegar a R$6,169, de acordo com os dados de 24 postos. O etanol hidratado, também pesquisado em 47 locais, custa em média R$5,363 e pode alcançar R$6,099.

Em Taguatinga (DF), um jovem morador da região, que não quis se identificar, comentou que o valor do litro de gasolina por lá continua instável. Em alguns locais bate R$6,79, porque ainda conta com o estoque antigo, o qual ainda não passou pela alteração. Próximo ao Alameda Shopping, o número já ultrapassou o calculado pela ANP e atingiu os R$7,99.

No Setor Habitacional Taquari, no Lago Norte, foi flagrado o mesmo valor: R$7,99. Na Asa Sul e Asa Norte (Plano Piloto), os preços variam entre R$6,87 e R$7,59. No Recanto das Emas, a gasolina estava sendo vendida a R$7,19 por litro, no Auto Posto Chaves. Em Luziânia, no Entorno, o litro da gasolina gira em torno de R$7,49.

Para reduzir os impactos econômicos nas empresas de ônibus, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) comentou que pretende zerar a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do diesel na capital federal. O mandatário contou sobre a proposta durante um encontro da Convenção Evangélica das Assembléias de Deus do Distrito Federal (CEADDIF).

A alta veio semanas depois do secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Valter Casimiro declarar que o preço da tarifa do transporte na capital federal seria congelado, principalmente para que a sociedade sofresse um menor impacto com relação às alterações. “Estamos pagando um pouco mais de subsídio para não onerar o usuário do transporte público”, explicou. A reportagem questionou a Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob-DF) sobre a atual conjuntura, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

J.Br

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