Em meio aos debates para rebaixar a pandemia da Covid-19 a uma endemia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esclareceu que a Coronavac não deixará de ser usada. A fala foi feita na manhã desta sexta-feira (4/3).
O imunizante, usado na vacinação de crianças e adolescentes sem comorbidades a partir dos 6 anos, ainda conta com registro para uso emergencial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o ministro, a pasta realiza uma análise dos impactos regulatórios em situações como a da vacina produzida pelo Instituto Butantan.
“Ela foi uma vacina utilizada sobretudo no primeiro trimestre da nossa campanha de vacinação e agora passou a ser utilizada em crianças e adolescentes”, relembrou Queiroga. “É claro que não vai se interromper a vacinação de crianças e adolescentes. Outros medicamentos que, por ventura, tenham registros emergenciais, serão considerados, desde que haja sempre a conveniência para os pacientes”.]
Em nota, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) esclareceu que “a endemia se refere a doenças recorrentes, que não têm o caráter de subir rapidamente e depois descer. Acontece de maneira constante ao longo do tempo e/ou possui um padrão que é possível de prever”. Tratar a Covid como pandemia ou endemia trata-se de “conceitos que representam uma avaliação técnica do padrão de comportamento epidemiológico de cada doença em um determinado momento e lugar”, de acordo com a entidade.
Para rebaixar a emergência sanitária a uma endemia, o Ministério da Saúde analisa o cenário epidemiológico, como a média de casos e óbitos, e os impactos regulatórios da decisão. “Determinados contratos foram feitos na vigência da pandemia, por exemplo. Há vacinas que têm o registro emergencial, será que elas podem continuar a ser usadas fora do caráter pandêmico?”, disse o ministro, na semana passada (22/2).
Além da Coronavac, o imunizante de dose única da Janssen também conta com o registro para uso emergencial. O uso definitivo da Janssen, porém, já é analisado na Anvisa.
Conforme revelado pelo Metrópoles, a expectativa da pasta é ter posicionamento sobre o tema nas próximas três ou quatro semanas, após o feriado de Carnaval.
“Estamos trabalhando na situação de colocar o status de endemia. Não dá pra falar disso ainda neste momento, porque os casos estão altos, é todo um processo. Da mesma forma que começou em novembro [de 2019] lá em Wuhan [na China], e aqui chegou em março, abril [de 2020]. A situação também vai ter essa forma. Vai ter o cuidado que a gente teve na mobilização. Agora, [será] da desmobilização”, explicou a secretária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo.
Metrópoles